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Não se começa uma casa pelo telhado, mas pelo conforto

Publicado em 25.03.2022
Começar casa pelo conforto térmico

A expressão que adapto para título é célebre, mas tem uma presença insuficiente no setor da construção. A realidade vivida presentemente nas casas portuguesas caracteriza-se por um sério desequilíbrio energético. Contudo, na conceção de um edifício, o conforto térmico ainda carece de uma posição privilegiada entre o conjunto de elementos que potenciam o bem-estar e a eficiência.

Por essa razão, o conforto de uma casa converte-se numa prioridade, estando assente em quatro pilares: acústico, térmico, visual e qualidade do ar. Apostar nestes fatores permite usufruir de uma temperatura interior agradável, menos ruído e mais iluminação natural. Os conceitos enumerados, que atravessam a cadeia produtiva desde o design do produto à escolha das matérias-primas, não estão apenas presentes no setor habitacional, já que a própria estrutura de um escritório afeta significativamente a produtividade.

Esta abordagem inclui termos cada vez mais presentes no vocabulário do modelo de construção tradicionalmente utilizado no setor. Soluções como impermeabilizantes, reparações ou proteção e reforço de estruturas prolongam a vida útil de um imóvel, além de economizarem recursos. O investimento em instrumentos com um impacto limitado no meio ambiente é vantajoso por impulsionar, simultaneamente, o aumento da qualidade de vida. Deparados com este panorama, surge a importância do sistema ETICS (External Thermal Insulation Composite System), que melhora consideravelmente o equilíbrio térmico das casas. Assim, é possível aliar os menores custos para as famílias a um maior conforto.

A digitalização da sociedade não influenciou apenas o quotidiano de qualquer cidadão. O mundo está em constante mudança e a tecnologia "invadiu" por completo os processos construtivos. No futuro, uma casa com telhados de vidro não será uma casa instável. Com materiais impressos em 3D, as técnicas modernas e arrojadas prometem revolucionar a forma como se encara um projeto.

De forma a caminhar para esse cenário, a inovação posiciona-se como o aliado mais resistente de que uma empresa pode dispor para ultrapassar qualquer adversidade que encontrar pelo caminho. Um mercado inovador que conquista cada vez mais espaço é a construção leve, que diminui gastos com transporte de materiais, de energia e até os prazos de entrega.

Foi a força motriz da inovação que possibilitou idealizar a tecnologia BIM, que reproduz virtualmente toda uma estrutura através de um modelo digital. São dinâmicas deste alcance que permitem acompanhar com precisão a conceção de um produto durante todo o seu ciclo de vida. Além disso, ajudam a desmontar a ideia de que a totalidade das soluções de construção sustentáveis são de alta complexidade e inacessíveis.

A aposta das empresas em formatos inovadores desenrolou-se a par de um aumento da consciência em relação às alterações climáticas. Deparadas com os múltiplos desafios atuais, as organizações que verdadeiramente integram uma mínima preocupação ambiental são organizações que solucionam os problemas a montante do seu processo.

A posição europeia em relação a estas temáticas assenta numa visão concertada e a melhor prova disso é a implementação do Pacto Ecológico Europeu, que ambiciona transformar o continente pioneiro na neutralidade climática até 2050. Para atingir tal objetivo, não é plausível descurar o uso de materiais mais eficientes para um adequado desempenho energético das edificações.

Encaro com otimismo a crescente preocupação dos agentes de mercado da construção em relação à urgência de alterações na conceção dos edifícios, para diminuir os seus impactos. Entre uma marca sustentável e uma empresa que subestima os princípios ambientais, é simples concluir qual destas o consumidor mais valoriza. Num cenário futuro, as construções que englobam todos estes fatores deverão converter-se na pedra angular de qualquer projeto.

Ana Rita Bastos, Diretora de Marketing da Saint-Gobain Portugal S.A. in Dinheiro Vivo.