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Acessibilidade e Sustentabilidade: Os Desafios do Mercado Imobiliário Português

Publicado em 11.10.2021
Desafios do mercado imobiliário português

O setor imobiliário tem-se afirmado como um dos grandes motores da economia portuguesa. A resiliência demonstrada ao longo do ano de 2020 deu lugar a um 2021 com crescimento dinâmico, com elevados indicadores de confiança, crescimento do número de licenças de construção, largos meses assegurados de produção e uma elevada taxa de utilização do setor, tal como reportado pelo INE.

A pandemia deu origem a novas necessidades de habitação: habitações com áreas exteriores, espaços para teletrabalho, maior conforto térmico e acústico, bem como uma maior preocupação com a sustentabilidade e poupança de energia, o que tem reforçado a procura de novas construções que cumpram estes requisitos. Este aumento de procura é reforçado por uma política monetária agressiva do BCE que garante baixos custos de financiamento e fácil acesso ao crédito imobiliário.

Esta perspetiva do setor, embora otimista e positiva a curto prazo, traz alguns desafios pela frente para garantir o sucesso a longo prazo. Na minha opinião, existem dois desafios principais aos quais os diferentes atores do setor e do governo devem prestar a maior atenção: 

Acessibilidade à habitação

De acordo com o Eurostat, Portugal é o segundo país da OCDE onde os preços da habitação aumentaram mais nos últimos anos, apenas ultrapassado pelo Luxemburgo. Assim, tomando como base de referência o preço da habitação em 2015, no primeiro trimestre de 2021, o preço da habitação em Portugal aumentou cumulativamente quase 60%.

Este é um grande desafio para quem pretende aceder a uma casa. Em especial para as famílias com rendimentos mais baixos, que dedicam aproximadamente 40% do seu rendimento mensal à habitação, e também para os jovens de 20 a 29 anos, dos quais 70% ainda vivem com os pais, são os segmentos populacionais mais afetados pelo elevado custo habitacional.

Sustentabilidade

Segundo as Nações Unidas, os edifícios na UE são responsáveis por cerca de 40% do consumo de energia, 36% das emissões de CO2 e 1/3 do consumo de recursos naturais. Com um impacto ambiental tão grande, a fim de cumprir os compromissos de neutralidade de carbono, o setor da construção tem que implementar uma política agressiva e ambiciosa para reduzir a pegada carbónica em novas construções e melhorar a eficiência energética do parque habitacional existente, de forma a garantir conforto em edifícios e erradicar a pobreza energética.

É na resolução destes grandes desafios do nosso setor que a APPII desempenha um papel fundamental. Na sua função de integrador e representante dos principais atores do setor da construção em Portugal, deve dar-nos visibilidade e chegar aos principais atores governamentais, para que possamos apresentar as nossas propostas que ajudem a criar incentivos que acelerem o desenvolvimento económico do nosso setor e de Portugal, e tornar mais fácil para os portugueses um acesso a uma habitação sustentável e de melhor qualidade.

José Martos, CEO Saint-Gobain Portugal in Guia da Promoção Imobiliária 2021