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É urgente reduzir o impacto ambiental no setor da construção

Publicado em 14.07.2021
Impacto ambiental no setor da construção

A almejada construção sustentável acarreta consigo a necessidade de especial atenção nos materiais utilizados durante o processo construtivo. Num mundo urbano e cada vez mais impactado pela atividade humana, o desenvolvimento sustentável em diversos setores de atividade, como é o caso do setor da construção, apresenta-se como um desafio devido à criação de resíduos, ao enorme consumo de energia e ao esgotamento de recursos. É por isso essencial uma visão construtiva assente na ecologia, já que o setor da Construção e Edifícios representam 39% de todas as emissões de carbono no mundo, de acordo com o Global Status Report 2017.

Atualmente não basta que os empreendimentos sejam dotados de características estéticas. É necessário priorizar a utilização de materiais amigos do ambiente, que privilegiem a otimização dos recursos e a diminuição das emissões. Estas emissões associadas aos edifícios não dizem só respeito à energia consumida durante a construção e utilização do empreendimento, há também que contabilizar as emissões incorporadas nos materiais utilizados e necessidades de manutenção ao longo do seu ciclo de vida.

No sentido de responder a estas necessidades e contribuir para a tão almejada construção sustentável, existem já avanços por parte de várias empresas do setor que priorizam no desenvolvimento das suas soluções a utilização de matérias-primas alternativas e sustentáveis.

É exemplo o desenvolvimento e fabrico de produtos baseados na utilização de materiais reciclados, tais como as areias de leito fluidizado e as cinzas volantes. As areias de leito fluidizado são o resultado da renovação das areias que constituem o leito fluidizado das caldeiras auxiliares em indústria de biomassa. Nestas caldeiras queima-se essencialmente biomassa, serrim e cascas, proveniente das etapas de preparação da madeira. A queima de biomassa nestas caldeiras específicas permite a produção de vapor de alta pressão que posteriormente é expandido em turbina, permitindo a produção de energia elétrica e térmica, utilizada no processo de produção. As areias do leito fluidizado são o resultado da purga realizada para a renovação das areias em utilização no leito.

No que diz respeito às cinzas volantes, são resíduos provenientes da combustão do carvão. São produzidas em centrais termoelétricas que usam carvão mineral para produzir calor. Nos cimentos-cola, as cinzas volantes são utilizadas como substituto parcial do cimento, devido às suas características pozolânicas com a capacidade de melhorar a trabalhabilidade das argamassas. O produto, além de sustentável, apresenta uma excelente trabalhabilidade, estando adequado para o interior e exterior, bem como para paredes, pavimentos e colagem em vários suportes. É também prática corrente na Saint-Gobain Weber a formulação de produtos com recurso a materiais reciclados tais como escórias do alto forno. As escórias de alto-forno são um subproduto do processo metalúrgico, obtido durante a fundição dos metais. A sua constituição química é muito similar ao cimento Portland.

A utilização de escória permite a redução na utilização de cimento Portland, que aporta elevadas emissões de CO2 em argamassas. A escória, quando usada como substituinte parcial do cimento Portland, permite uma redução considerável das emissões de CO2 associadas, mantendo as principais propriedades físicas dos produtos. Exemplo desta prática de uso de matérias-primas com menor impacto ambiental é o produto webercol flex XL.

O produto apresenta elevada flexibilidade, deformabilidade e com rendimento elevado. Trata-se de um produto para colagem de peças médias e grandes, em vários suportes, para utilização em paredes e pavimentos tanto no interior como exterior.

Embora não existam soluções capazes de reduzir por completo o impacto ambiental do setor, existem empresas a caminhar para uma transição que, a meu ver, é cada vez mais urgente. Se quisermos mesmo atingir a neutralidade carbónica, precisamos de reduzir o consumo, a produção, e respeitar os recursos disponíveis no planeta. É da responsabilidade de todos o desenvolvimento mais sustentável do nosso planeta. E ainda bem, porque o nosso futuro depende disso.

Ana Lourenço, Responsável de Sustentabilidade Saint-Gobain Portugal S.A.

Hélder Gonçalves, Gestor de Produto Saint-Gobain Portugal S.A. in Jornal Construir