O posicionamento da Saint-Gobain Portugal no mercado da construção e desenvolvimento sustentável
Em entrevista à revista Materiais de Construção, Filipe Sambento, diretor comercial da Saint-Gobain Portugal descreve o seu posicionamento no mercado da construção, a crescente preocupação com a sustentabilidade e ainda, projetos futuros relevantes para o setor.
Como descreveria a empresa e o seu posicionamento no mercado?
A Saint-Gobain Portugal oferece ao mercado nacional uma gama muito alargada de produtos e soluções em atividades que se complementam perfeitamente. Na Weber, empresa líder na atividade de argamassas industriais, disponibilizamos soluções de colagem e betumação de cerâmica, de revestimento e renovação de fachadas e pavimentos. A Placo® integra uma gama completa de produtos de gesso e de gesso laminado, enquanto a ISOVER disponibiliza isolamentos em lãs minerais, de vidro e de rocha, assumindo uma posição de liderança no segmento de climatização. A nossa visão é a de oferecer sistemas que integram as soluções das marcas referidas aos intervenientes da cadeia de valor para o sector da construção, seja nova ou em renovação.
Quais são os vossos principais produtos? Existe alguma novidade prevista que gostasse de destacar?
Na atividade de argamassas, destacaria um produto inovador: o webercol flex lev que é um cimento-cola com metade do peso e com o mesmo rendimento de um produto convencional. É particularmente relevante porque responde a múltiplos desafios: incorpora cerca de 30% de matérias recicladas, sendo um excelente exemplo de economia circular e, em termos logísticos, há uma óbvia poupança, diminuindo o custo unitário de transporte e de emissões poluentes. Na atividade dos gessos, refira-se a tecnologia Activ’Air® presente nas placas de gesso laminado e que purifica o ar, transformando os contaminantes da atmosfera interior em compostos inertes e não prejudiciais à saúde, tais como os COV (compostos orgânicos voláteis) e formaldeídos. Relativamente às lãs minerais, além de sermos a única empresa que oferece simultaneamente lãs de vidro e de rocha, o enfoque vai para as soluções de isolamento técnico para a climatização e a indústria, na gama ULTIMATE, que alia as melhores prestações das lãs minerais, no comportamento acústico, térmico e ao fogo.
Considera que a crescente preocupação com a sustentabilidade e a eficiência energética tem um peso importante no aparecimento de novos materiais? De que forma?
Claro que sim. Na resposta anterior, deixei um exemplo que vai diretamente de encontro aos desafios de sustentabilidade: o webercol flex lev. Podia referir ainda as soluções de ETICS para as fachadas ou o isolamento de coberturas. A Saint-Gobain Portugal tem um papel preponderante na disponibilização de soluções energeticamente eficientes porque os seus sistemas podem ser aplicados em toda a envolvente exterior e interior dos edifícios. São soluções testadas e validadas, promovendo a confiança do promotor, do projetista, do empreiteiro e do consumidor/utilizador. Hoje, já não se questionam as exigências de eficiência energética, mas antes soluções de conforto e bem-estar traduzidos em qualidade de vida nos edifícios, onde cada vez passamos mais tempo, seja para morar, para trabalhar ou para conviver.
Qual o papel que os fabricantes de materiais de construção têm e podem ter no desenvolvimento sustentável?
Para além de produzir materiais mais sustentáveis, os fabricantes podem adotar políticas internas mais abrangentes. Por exemplo, através da eficiência industrial, limitando os desperdícios e fazendo aproveitamento dos mesmos, incorporando-os na formulação de outros produtos. Procurando energias alternativas e investindo continuamente em I&D; contratando sempre que possível com fornecedores de proximidade, gerindo a quantidade e o tipo de embalagens, etc. Apostando em soluções menos impactantes que se adequem novas oportunidades e tendências como a construção leve. O propósito da Saint-Gobain “Making The World A Better Home” reflete o nosso compromisso com a sustentabilidade.
A escassez de materiais e a subida do custo poderão resultar num abrandamento significativo na procura dirigida ao setor. De que forma estão a perspetivar e a preparar-se para enfrentar esta nova fase?
Os indicadores económicos sugerem que a dinâmica continuará forte num curto e médio prazo. Há poucos dias, foi comunicado que as licenças de construção para obra nova cresceram 12%, o acesso ao crédito continua facilitado com taxas de juro atrativas. Há ainda falta de construção, especialmente para habitação. Seja como for, há que atentar nas novas tendências e oportunidades. Sabemos que, para além da escassez e aumento impactante dos custos dos materiais, a falta de mão-de-obra é hoje talvez o maior entrave e porventura o maior desafio a ultrapassar. Sem mão-de-obra suficiente e especializada, há que pensar em soluções que permitam aumentar a rentabilidade, sem aumentar os custos e respondendo aos padrões de eficiência e conforto: a mecanização e prefabricação são um caminho, sem dúvida. A Saint-Gobain tem conhecimento e soluções que se adaptam perfeitamente a estas tendências, que já são uma realidade com muita margem de crescimento.
Quanto a projetos futuros, que tipo de produtos ou soluções estão a desenvolver?
Em 2022, vamos reforçar a nossa oferta com novos produtos nas atividades que já desenvolvemos, mas também alargando o nosso âmbito. Queremos continuar a reforçar a nossa posição no mercado com a integração das marcas, oferecendo a melhor experiência possível aos nossos clientes. A médio prazo, temos projetos de I&D muito interessantes. Posso destacar a construção com impressão 3D, similar ao projeto Milestone desenvolvido pelos nosso colegas na Holanda.
Filipe Sambento, Diretor comercial da Saint-Gobain Portugal in revista Materiais de Construção.