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Liderar a transição sustentável colocando-a no centro da estratégia

Publicado em 26.12.2022
Transição sustentável

A constatação de que o mundo está a experienciar diversas transformações que se refletem no campo económico, político, social, ambiental e tecnológico, impõem uma série de desafios às empresas. Por isso, para 2023, estamos fortemente comprometidos com a transição sustentável e com a aplicação dos três eixos ESG - ambiental, social e de governação corporativa.

O setor da construção é responsável por 39% das emissões de CO2 em todo o mundo, três quartos das quais correspondem à fase de utilização dos edifícios (através do aquecimento, energia utilizada, etc) e um quarto resultam dos materiais de construção. Por outro lado, é responsável pelo consumo de 40% das matérias-primas mundiais, muitas vezes não utilizadas de forma eficiente.

Sem dúvida que num setor como o que atuamos, devemos assumir o compromisso de deixar o mundo um lugar melhor e começar a olhar para a construção sustentável como um conceito capaz de ajudar mesmo muito a salvar o planeta e a proteger as gerações futuras.

Este modelo reforça a importância das alternativas à construção pesada, com soluções e serviços que proporcionam uma maior sustentabilidade (através da redução de emissões de carbono, menor consumo de recursos, facilidade de desmontagem, maior conforto, …) e mais desempenho (menor tempo de construção ou economia financeira).

Neste contexto, a inovação coloca ao dispor propostas viáveis para o setor, seja através de soluções que incorporam conteúdo reciclado na sua composição, que são reavaliadas nos produtos em vez de serem desperdiçadas, ou produtos com matérias-primas naturais, como é o caso da cortiça. O vidro é também um importante contributo para a construção sustentável, ao proporcionar um maior desempenho energético dos edifícios.

Na ótica dos processos construtivos, a construção industrializada define-se como célere, seja pelos métodos a que recorre, seja pelos materiais e soluções que utiliza, na quantidade certa e ajustados exatamente à função que vão ocupar.

Ao industrializarmos as edificações, estamos de forma natural a torná-las mais leves e sustentáveis, o que se alinha com a expressiva consciência ambiental das gerações atuais. São estruturas mais ecológicas e eficientes, seja pela menor emissão de CO2 ou pela reciclagem de materiais. Na fase da construção, em média, a percentagem de redução de desperdício no uso de matérias-primas pode ir até 50%, sem nunca descurar os elevados níveis de conforto interior.

Do ponto de vista habitacional, a importância da eficiência energética é um dos temas que não pode ser esquecido. Um dos problemas que pautam a atualidade é a falta de habitação condigna para a população da União Europeia. Se olharmos para Portugal, segundo dados divulgados pelo Eurostat, o país é o quinto da União Europeia onde as famílias têm menos condições para manter as casas devidamente aquecidas. Estamos ainda muito longe de atingir a eficiência energética que trará maior conforto térmico à população, sendo este um indicador básico do bem-estar das famílias. É importante dar a conhecer soluções à população e assim permitir que todos tenham um papel ativo na escolha das soluções que integram a sua casa.

Todas estas transformações que queremos continuar a levar a cabo no setor só são possíveis com recursos humanos e do planeta.

Concluo esta reflexão com o problema da falta de mão de obra, as escaladas anómalas dos preços das matérias-primas e a escassez dos materiais de construção. Estas são questões de resolução urgente e que continuarão no centro das preocupações do setor no ano que se avizinha.

José Martos, CEO da Saint-Gobain em Portugal in Jornal Construir